Harry Potter e a Criança Amaldiçoada (Harry Potter e o filho chato)

Categoria: Literatura  | Tags: Harry Potter
Confesso que não estava assim tão nervosa ou ansiosa para ler A Criança Amaldiçoada quanto fiquei para ler Relíquias da Morte, por exemplo. Provavelmente por causa da narrativa, que eu sabia que não seria realmente o meu tipo preferido. Mas ok, né? Para quem já tinha dado Harry Potter como encerrado, acredito que tivemos sorte de ter acesso ao roteiro da peça.

Li em uma manhã e pode-se dizer que foi uma montanha-russa de emoções, mesmo o livro, em geral, não sendo bom. Mas ao mesmo tempo é. Difícil explicar, pois como libriana que sou, tento ver os dois lados.  Mas, resumindo, a J.K. conhece o seu público e sabe exatamente aonde vai atingir, doer, tocar. 

Por exemplo, achei um tanto desleixado a história de ir e voltar no tempo tantas vezes. Mudar as coisas mais de uma vez e, no fim, conseguir ajeitar o tempo exatamente como ele era. Não existe possibilidade disso acontecer, não é? Até porque, o Alvo e o Escórpio foram vistos em mais de uma ocasião, gente vivendo e gente morrendo a cada versão de passado e futuro. Isso deu um nó tão grande na minha cabeça, pois não condiz muito com  o que a J.K. pregou em Prisioneiro de Azkaban e nos outros livros: existem consequências para quem viaja no tempo e muda as coisas. Alvo e Escórpio não sofreram nenhuma consequência. De nenhum tipo, aliás.

O que nos leva  a outra questão... Que tipo de escola Hogwarts virou, que não expulsaria dois alunos que fizeram o que o Escórpio e o Alvo fizeram? Eu realmente não acho que a Minerva se submeteria daquele jeito. E eu sei, você vai dizer: "mas Bruna, Harry fez coisas mais tensas e nunca foi expulso". Não, não fez coisas tensas ASSIM. E o Harry nunca foi expulso porque o Dumbledore sabia do sacrifício que o Harry teria que fazer no final, nunca foi expulso porque ele mesmo pode ter o colocado nessas situações. 

Mas quanto ao Alvo... Bom, não havia um motivo, um sacrifício, uma desculpa. Ele é apenas um menino mimado brincando de Deus. E dá pra entender que viver à sombra de um pai herói e blablablá, não deve ser fácil. Mas e quanto aos "danos" que o pai herói pode ter causado no Tiago e na Lílian? Não são importantes? Pelo visto NÃO, já que praticamente não são citados no roteiro. São dois filhos esquecidos, invisíveis.

Esquecidos. O que nos leva à Rony Weasley. Merlin, o que DIABOS aconteceu com o Rony? Honestamente, a visão que tive foi de um cara deprimente, capacho de mulher e figurante em todas as situações. Não, J.K., não foi legal isso. Então é essa a moral de colocar Rony e Hermione juntos? Mostrar que em qualquer versão de realidade, o Rony vai ser a sombra da Hermione,  de alguma forma? Nós entendemos desde o começo. Hermione é a cabeça, Harry é o mártir e Rony... Gente, Rony é o amigo fiel, corajoso dentro dos próprios medos. Não muito brilhante, mas nunca um mero fantoche de mulher. Que coisa mais FEIA. Aff.

Bom, para resumir, esse livro foi SIM como ar fresco depois de muito tempo sem. Mas ao mesmo tempo foi um riso na cara dos fãs. E por quê? A história é fraca, e o que sustenta ela são os personagens que os outros sete livros construíram, personagens que aprendemos a amar, que choramos porque se foram, etc. E a J.K. sabe disso, sabe do apego que criamos com certos personagens e usou isso para amarmos um livro que, sinceramente, em outra situação (que não fosse do desespero dos fãs por mais mais mais), acharíamos meia boca


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